quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Verbo Instigar


A noite tomava conta daquele local

Só a pouca luz do notebook, clareava o sorriso de lado daquela menina.

Enquanto os dedos deslizavam pelo teclado, os olhos percorriam cada centímetro daquela tela.

Ansiava que o mundo diminuísse naquele momento.

E talvez realmente, o mundo estivesse na tela brilhante daquele computador...

Ela e ele, e as suas verdades liberadas com a chave de uma temporária coragem.

Quem sabe aonde as palavras podem levar? Talvez essa seja a hora de todo o seu medo ir embora.

Tão naufragada pela normalidade, desejou ainda mais o sorriso à deriva daquele moço...

Ele... Que lançava palavras sutilmente instigantes, como os poetas boêmios que embriagam ao passo de cada verso.

Ela... Que desejava ser fisgada a cada palavra, a cada linha. Ansiou que na semântica não coubesse o sentido, o porquê daquela conversa.

Aonde as palavras podem nós levar...?

Eu não sei. Mas, eu irei até lá para te ler!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Venha e fique louco comigo ! (Ato de Escrever: do início da loucura, ao fim em um doce suspiro assassino)



As luzes estão apagadas...


Uma música calma no fundo cria a atmosfera perfeita para a ocasião.

Os dedos tocam suáveis, deslizando com a pressa de acompanhar o desejo do seu dono.

A mente entra em estado de uma quase hipnose. A sua atividade cerebral nada tem de racional, é pura emoção transbordando em cada palavra, em cada linha.

Tudo em uma só sintonia, mente, coração e mãos.

As palavras vão tomando o ritmo da música, e até a respiração acompanha a cadência do desejo de traduzir tudo o que se sente.

Escrever é como o mais prazeroso sexo...

Prepara-se o ambiente. A alma se despe de toda a racionalidade. Nua, nítida em frente ao espaço em branco.

O êxtase vai tomando cada parte de seu corpo, até explodir tudo em suas mãos.

As preliminares são as primeiras palavras, o desejo vai tomando corpo, ou melhor, vai tomando as linhas.

Então, se introduz os sentimentos, os amores, as desilusões, e toda incompreensão que emana de ti para o papel. E assim, sucessivamente para um outro ser, algum leitor dos seus devaneios escritos.

Os dedos caminham depressa pelo teclado. Às vezes parecem cobiçar ser mais rápidos do que o fluxo de pensamentos.

E quando o clímax se aproxima, a mente se acalma, os músculos relaxam, o coração se enche de poesia, e tudo termina com um suspiro profundo de um assassino, depois de matar todo o seu desejo.



segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

confissões de uma primavera

Sim, eu chorei!

Chorei debaixo do chuveiro.

E só percebi que chorava, quando senti o gosto salgado nos lábios, se misturando com água quente que caia.

O vapor da água não deixava a minha imagem refletir no espelho.

Será que eu me perdi, quando eu te procurava?

Sim, com toda humildade, eu confesso que chorei após falar com você(s).

Não. Não me acho fraca por isso. Eu desejei com toda força que tenho, que você estivesse aqui. Isso não é ser fraca. Relativamente forte, eu sou sim! Pois ainda, eu contínuo. Eu te espero, te cultivo no meu dia, te rego, te levo em qualquer lugar. Sim, você está comigo sempre.

E às vezes até queria ficar sozinha, mas sua ilusão me persegue em qualquer lugar que vou.

Eu sei. Deveria ficar feliz, afinal você lembrou, enquanto muitos esqueceram.

Mas, me desculpa a minha franqueza, a sua presença ilusória não preenche a minha vida, porque você nunca fez parte dela.

Sim, eu chorei. E chorando debaixo daquele chuveiro quente, emanou de mim tudo o que me atormenta quando fecho os olhos.

É, deve ser esse medo, esse amor que tenho aqui. Por que eu acredito nas palavras.

Eu acreditei que ele ficaria comigo para sempre. Não, não falo de você que está vivo.

Falo daquele que se foi, e que amei mais que a mim mesma.

Será esse o problema, é que eu amei demais, e ainda amo, e eu queria que ele , você, minha mãe, irmão, todos que amo estivessem aqui.

Pode me chamar de egoísta, mas o amor que tenho por Vocês me consome. E quando amo, quero todos ao meu redor. Quero mimar, quero dengar, dar abraços, encher o saco até cai na gargalhada.

Será que é pedir demais? Não quero dinheiro. Não quero amor, já o tenho demais aqui.

Nesse dia, no meu dia... eu estive sozinha, e apesar de pouquíssimas companhias, forcei um sorriso toda noite. Porque meu presente, meus amores não estão comigo.

Sim, chorei no banho para ninguém ver. Aquele choro para dentro, pq todos vcs, cada um, os que se foram, o que ainda nem chegou.. Todos estão comigo.

Fechei o chuveiro. Sequei o corpo, sequei os olhos. E fui para meu aniversário.

Acho que água não está me fazendo bem, já que ando sonhando frequentemente que me afogam em uma banheira quente. Acho que isso é uma metáfora do meu sub-consciente.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dezembro sem cor/dor



Hoje precisei escrever...

Mas, não sei como traduzir os meus sentimentos.

Não sei dizer por quais caminhos tortuosos eu passei e que me trouxeram até aqui.

Talvez, nada disso seja real.

Ou quem sabe, uma hora dessas, como um dia de verão, a chuva forte passe, e se abre no céu um radiante sol, que cegue os meus olhos para toda dor...

Eu sinto que aqui dentro a chuva não quer passar. E deveria ser verão, ou quem sabe primavera... Já que meu renascimento se aproxima.

A casa da minha dor/cor está tão cinza.

Eu lembro, não sei bem quando...

Mas, eu pintei cores nessa parede. Eu realinhei os móveis. E até coloquei um Portinari na parede...

Sim... Eu me lembro muito bem, como uma déjà vi, que de tão verdadeiro se torna memória.

Eu sei que um dia eu abri essas janelas, e deixei o sol entrar.

Lustrei todas as pratas, para refletir impecavelmente o meu sorriso sem distorções.

Hoje a mudança que fiz, se foi...

Não sei onde moro...

Me perdi no tempo, me perdi na ausência de cor.

Porque hoje nada dói. E o nada para quem quer o tudo, é o clímax da neutralidade sem graça do cinza, ou do marrom, quem sabe...

Que nem cores são mais, já que se perderam no meio de tanto gris e na neblina de areia “pór” aí...

Eu sei, eu me lembro bem. Eu coloquei telhado aqui. Eu me vesti. Cadê as flores em cima da mesa da sala de estar?

A vitrine da minha dor, já não deixa transparecer mais nada.

Além, da não existência. Da não percepção.

Eu não me vejo mais... Será que Você ainda consegue me sentir?