sexta-feira, 16 de maio de 2014

Sobre o amor, o tempo, e o fim

Os sons dos seus passos se aproximavam...
Eu não conseguia vê-lo. Nem tocá-lo. Metaforicamente.
Apesar de caminhar em minha direção, a distância nunca diminuía.
Não sei se eu estive longe demais todo esse tempo, ou os passos dele eram vagarosos demais.
Não importa o quão perto esteja sempre estará longe.
Essa distancia é confortavelmente perturbadora, já que o perto deveria significar proteção, e não ao contrario.
Posso te tocar fisicamente, mas nunca saberei se cheguei ao fundo de ti.
Posso te olhar nos olhos, mas não consigo ler sua alma.
Posso te beijar a boca, preenchida com o sabor da incerteza de que sai dos seus lábios.
Posso ter entre os braços, mas nunca farei parte do mundo que você quer abraçar.
E com todo o devaneio que inunda os meus olhos. Enxuga-os com os seus dedos, e prova o salgado do sentimento que tenho por você.
Tento não me mostrar abatida, insignificante é me esconder de ti. Eu sou outdoor do meu amor.
Com um sorriso acalentador, me toda nos braços, me beija a boca, no intuito de calar as insanidades escarradas de mim.
Balbucia sons... não sei o que poderia me dizer, e talvez tenho medo do que iria sair daquela boca dona do meu deleite.
Coloco a cabeça em seu peito, e poderia até arriscar o que sairia, já que o seu coração dançava descompassado junto ao meu.
Poderia ele estar fluído de toda a turbulência de emoções que me tomavam ali?
Alguns segundos abraçados, os sons das batidas, os olhos úmidos, e o só um pensamento/sentimento: a perda.
Seu abraço carregava a carga de quem se vai... mas, não como alguém que sai para trabalhar.
Balanço a cabeça, no intuito de que ela parasse de girar em pensamentos tortuosos.
Os passos lentos até a porta, não parecia querer partir.
Antes que ele fosse, eu tão egoísta quis para mim o sabor agridoce daquela boca, novamente...
- Me dá um beijo?
Um sorriso, um beijo longo, um coração apertado.
Passos... E sua imagem dissipando no tempo da minha vida.
Porque todos os dias são tic-tac para o final.
Mal começou, e já se sabe que um dia irá acabar!

A mortalidade é o mau do amor.




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