domingo, 24 de outubro de 2010

Do pó veio. Ao pó voltou. Com o pó, ressurgiu.



Tudo se desfez. E ao pó voltei.
Arrasto-me, e sinto o riscar da poeira que ficou em mim.
Não a vejo. E nem tu a vês. Mas, eu sei que está aqui.
Arranha-me ao deitar na cama. Ao tirar e vestir roupa. Ao caminhar. A qualquer movimento do dia.
Tudo foi ao chão... Não há bases. Nem colunas.
Tudo que restou foi entulho. Hoje é lixo.
Acumulando cada abertura de mim, lentamente.
Até que chegue o caos. Transborda o meu peito em água e sal.
Resseca-me os tecidos, os orgãos, a vida.
Vida... Aquela que um dia se foi, sem respeito por mim.
Abandonou-me em um corpo cheio de água e sal, e coberto de pó.

Hoje, essa mistura miserável, se fez em mim cimento.
Enrijecendo toda a minha alma. Incapaz de sentir qualquer ataque alheio. Ou toque...
- Sou "Forte". Não sinto uma punhalada. Não sinto um afago.
Não me veja com maus olhos. Sou somente o resultado que a vida fez, faz e fará.
Acalme-se !
Com o meu lixo reciclável, atualmente reconstruo...
Hoje a base...
Amanhã as colunas...
E Depois as paredes...
E quando o teto que me protegerá estiver pronto. Eu pinto cores em mim. Decoro o jardim. Enfeito a sala. E preparo-te o quarto de visitas.
Serei agradável, uma boa anfitriã.
E direi: - Sinta-se confortável.
Mas, caso tu trinques o meu jarro preferido, terei que te lembrar quem é a dona da casa .
Pois, ninguém mais servirá de lobo mal, e com um simples soprar derrubará a minha vida.
Hoje, minha casa é de alvenaria....
Hoje, não é qualquer vento que me abalará.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Devaneios aqui :