quarta-feira, 28 de abril de 2010

Conto - "Sete" - Parte2

Parte 2


...
Ana Maria estava sentada em um
colchonete jogado no chão rebocado e úmido. Ela acariciava sua enorme barriga já com nove meses, imaginando como seria o rosto daquela criança ao mesmo tempo desejada e rejeitada. Vestida com uma camiseta de algodão branca, daquelas ganhadas em campanha eleitoral, bermuda de lycra que um dia foi preta, já desbotada com as inúmeras lavagens, e um chinelo de borracha. Ela tremia de frio, naquele barraco úmido de madeiras podres, chão batido, e telhas rachadas. O ar frio passava pela casa cortando afiadamente o que era considerado como abrigo, ali faltava mais que o essencial.
As primeiras contrações começaram, Ana Maria estava sozinha, os seus gritos eram abafados por todos os outros que ecoavam daquela favela. Ela era somente mais uma miserável em meio a tantos outros que lhe cercavam.
As contrações aumentavam rapidamente, cada vez mais intensas com seus intervalos cada vez mais curtos. Já não havia como esperar, e com uma força inexplicável, que ela não sabia de onde havia tirado, levantou-se fazendo muita força e sentindo muita dor. Bem devagar conseguiu colocar-se de pé, com a mão nas costas para aliviar o peso de toda aquela barriga.
Decidiu que não ficaria mais ali, que ia procurar ajuda, e tinha que ser rápido, a mensageira dentro da sua barriga tinha muita pressa de vim ao mundo.


(continua)

Eu preciso acreditar..

O tempo que foi perdido jamais voltará
E as lembranças permanecem aqui
Fazendo-me lembrar que um dia fui feliz

E você está aqui
Lembrando-me todos os dias que
Os sonhos, os contos só permanecem no papel
E que a vida nada tem haver com os sonhos

Você não é mais o que custumava ser
E francamente, eu também não sou a mesma de antes
E quando aconteceu? Eu não sei
E o amor que estava aqui? Para onde foi?
Será que ele se foi sem a gente perceber?
O que está aqui no lugar do que era antes?
Fomos donos do que não existe mais?
Eu preciso saber...

Eu tento fugir, minhas pernas não saem do lugar
Eu estou gritando, e não escuto minha voz
Eu preciso de ar, está tudo me sufocando aqui dentro
Eu preciso acreditar na vontade de amar que está dentro de mim

Eu quero os meus sonhos de volta
Eu preciso voltar acreditar que a felicidade e o amor são possíveis, sim
Eu quero encontrar novamente a minha esperança que um dia se fez presente em mim.

Conto - "Sete" - Parte1

Vou contar uma história que estou escrevendo...
Postarei em partes

Parte 1

Sete.

Esse é o número da idade onde tudo havia começado. O número das vezes que ela tentaria fugir, e o número das vezes que ela fracassaria.

Sete. O número das letras que compõem o seu nome.

B-e-a-t-r-i-z

Uma menina que tinha a vida selada pelo número sete. O sete que representava misticamente o algarismo da sorte, havia se tornado um acompanhante indesejável no percurso de Beatriz.

Talvez por um deboche do destino a mãe daquela menina havia batizado e marcado o sete na vida da filha.

Na madrugada do dia 03 de Abril de 1989, Ana Maria sentiu as primeiras contrações, era o prelúdio da vinda da menina, que mesmo antes da sua chegada já era uma especialista em ser deixada para trás. O seu pai a abandonou ao saber que ela viria ao mundo, e por inúmeras vezes tentou convencer Ana Maria a interromper a gravidez. Mas, a mãe da menina sabia que em seu ventre carregada uma mensageira da alegria, mas não sabia que a alegria vinha com a sua outra face já extirpada, a dor.




sábado, 24 de abril de 2010

A presença

Sensações...
E um fato: Você não está sozinha.
Um quarto escuro, percepções e a não-solidão.
Os olhos não querem ver o que o corpo sente.
Calafrios involuntários...
O frio daquele quarto nada tem haver com a temperatura ambiente.
Um ataque: Ele aproxima-se, intimidando como todo o desconhecido e o transcendente faz.
Um contra-ataque: Desvio, música e barulho.
Uma verdade: Nada o afasta.
Então...
Será a minha lucidez?
Será a minha loucura?
Será a minha elevação?
Ou será a minha estúpida incompreensão?
Você se faz presente sem eu permitir. Sem controle, nada consigo fazer.
E controlar toda essa luz de nada adiantaria.


Uma realidade: Agora já sei... o meu corpo e a minha mente já não pertence à mim.


terça-feira, 13 de abril de 2010

Oi....

Olá, galerinha! Passei aqui para dar o ar da graça, rsrsrs.
Estou sem tempo de escrever =s... Seminários, provas, mudança de casa etc, etc.
Mas, acredito que todas essas mudanças e acontecimentos vão delimitar uma nova fase da minha vida, e espero que seja boa!


AHH, dica da semana : Acho sinceramente, que falta amor e compaixão, pelo próximo..
Cada vez mais vejo as pessoas sendo egoístas, mesquinhas... Não estão nem ai para ninguém...Só para o seu próprio umbigo!

Lembre-se, dor de barriga não dá uma só vez! rsrs


Daqui uns dias mais textos melancólicos para quem acompanha ( 3 pessoas ?) .


Beijos da Nardy.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Se não fosse trágico, seria cômico


As pessoas se olham, sem ao menos se enxergarem.
O mundo não está nem ai para o que se passa dentro de você.

Se suas feridas doem? Se você está triste? Não interessa!

Levante-se e ande na fila de massa acinzentada pela tristeza e dor.

Você, eu, e ele, somos somente mais alguns corações quebrados, nascidos em uma sociedade mesquinha e egoísta.
Vamos! Levante-se e recomponha-se.
Coloque sua máscara de felicidade encaixotada, e vá para uma vida de disfarce e dor.

Tenha força! À noite em seu quarto, deitado com a cabeça no travesseiro, você poderá chorar todo o sofrimento que já não cabe em você.

E quando o sol vier, as cortinas se abrirão e a peça trágica e cômica começará outra vez.

Linhas que salvam

Ela estava cansada. Já não agüentava mais procurar pelos resquícios de paz interior que lhe restavam. Quisera desistir da procura incessante, mas era muito covarde para isso.

Procurou maneiras fáceis de fugir, mas quem disse que é fácil fugir de si. Tentou algumas vezes refugiar-se em casa. Mas, até ali os seus fantasmas não a deixavam em paz.

Pensou... E então achou que tivesse tido uma grande idéia. “Vou esconder-me em mim”. A partir daí, começou a isolar-se do mundo, das pessoas e da vida. Passou a usar roupas largas, bermudas, camisetas e bonés. Assim o seu corpo era a casa da sua mente solitária incompreendida.

Mas, ela não entendia. Não conseguiu o objetivo de ser invisível entre os que se diziam “normais”. Cada vez mais ela era notada, e viu que sua idéia não era tão boa assim.

Descobriu então um analgésico para o seu cansaço. Encontrou ás lágrimas, e achou que era bom. Começou a chorar a cada vez que o vazio a apertava o coração. E não entendia como o vazio e o nada poderia lhe causar tanta dor.

O analgésico, como todos os outros somente funcionava por algumas horas, e depois tudo voltava ainda mais forte. Então ela descobriu que chorar não era uma idéia tão boa assim.

Mais uma vez se cansou. Aborreceu-se com a tristeza excessiva e decidiu procurar outra forma de se curar.

Pensou... E teve aqueles instintos de ter dito a melhor idéia da sua vida.

Então na procura da cura para o grito dissonante da sua alma, ela deu papel e caneta para sua voz.


E a voz nas linhas dos inúmeros papéis afastou toda a insanidade que havia dentro dela.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dance, liberte-se...




Se permitir, se libertar.
Sentir o som dentro de você, viajar.
Dançar ate os pés não poderem mais agüentar.
Dançar até o sol aparecer.



Noite muito boa...Como é bom ser livre ( ou apenas se sentir assim)...


Beijos da Nardy =**



ops: Em breve, pensamentos soltos e poesias.

sábado, 3 de abril de 2010

Morrer de vida



Lábios secos, batimentos acelerados, calor e calafrios. Músculos contraídos, mas não há tensões. Cada detalhe do meu corpo deseja você. Tento colocar qualquer gota de juízo, mas minha mente insiste na desordem da ordem perfeita de ti sentir.

Tento resistir, preciso resistir. Mas, meu corpo é inexplicavelmente mais forte do que o pouco de sanidade que há em mim. Não posso mais controlar, e também não sei se quero.

Meu coração batendo em um ritmo frenético, como o passo mais sensual e sinestésico de um tango. Senti meu rosto esquentar, e tive vergonha de me mostrar tão vulnerável e suscetível a você.

O que era pecado torna-se sublime refletido na bela imagem de dois em um. O que era incompleto, tornou-se auto-suficiente de si e do outro. O que estava guardado tomou conta de todo espaço ali, já não aguentava mais estar dentro de si, tomou cada lugar daquela casa, e da minha vida.

Pude sentir o meu sangue latejando e correndo por todo o meu corpo ao compasso do dele, em uma guerra de sedução, onde se quer vencer e ser vencido lentamente. Uma batalha que não se perde, que não há o brilho do primeiro e segundo lugar, mas a explosão de sensações e sucessões que mesmo vivo, morre-se infinitas vezes.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Meu eu



Vou até a cozinha, bebo um copo gelado de água, com a esperança de afogar tudo o que não sei que se passa dentro de mim. Tentativa frustrada. O nó continua ali, intacto. Até parece que deseja impacientemente me enfrentar. Ele confia no poder e intensidade que possui. E eu me questiono sobre a minha força e a vontade de lutar.

Vou até o banheiro. Olho fixamente para o meu reflexo no espelho, e como em um convite para uma batalha decisiva, digo: “Eu te desafio. Desafio a parte de mim, que não conheço, desafio a parte de mim, que quer se entregar. Sou mais forte do que eu”. Tento fielmente acreditar, repetindo silenciosamente dentro de mim. Como as mentiras, que de tanto contadas se tornam verdades insolúveis.

Ainda que eu não me mostre abalada, eu tenho medo. Eu sinto tanto medo. Minha boca sorrir involuntariamente, ela já foi condicionada para responder os estímulos do mundo lá fora. Mas... O meu coração está cada vez mais fadigado. Esse eu ainda não aprendi a controlar.

Ainda que eu me esforce, não sou capaz de distinguir qual parte que sou verdadeiramente. O que é passageiro, o que um dia se vai, como a beleza, como a juventude, como a vida. E o que fica, o que predomina, como a essência, como a sabedoria, como a alma. Qual das partes de mim, que ficará? Então, você consegue distinguir?

A batalha estava lançada. O meu coração está aos pulos, nunca foi tão ameaçador estar diante do meu reflexo. Mas, decidi enfrentar o desconhecido, as fraquezas, os defeitos. Confesso que torci o nariz para muita coisa que vi. Confesso que foi difícil me aceitar. Sou completa com as minhas qualidades e defeitos, sim!

A menina de cabelos encaracolados. De sorriso, coração e pensamentos escondidos. De olhos expressivos e castanhos que mudavam constantemente, mais claros ou escuros, imitando a cor da sua alma (o que transparecia involuntariamente). A garota de passos rápidos, e de olhos fixos no chão. De amores não correspondidos, de sentimentos repreendidos, de perdas profundas.

Essa menina transformou-se. Ela descobriu que não é a única. Descobriu a vida, cheia de suas contradições, incertezas, fracassos, acertos, e principalmente cheia de felicidade. Essa menina descobriu e descobre a cada dia, que a felicidade não é algo estável, é preciso buscá-la. E no meio do caminho cheio de pedras, no caminho da busca contínua, que descobre que se é feliz.

Novamente...Outra vez....De novo....

Depois de muito tempo resolvi postar novamente nesse blog. Não pq preciso ser lida, mas pq preciso falar...Deixar algo de mim por aqui...as coisas boas, e as coisas ruins.

Não sei se você já sentiu aquele aperto no peito, ou aquela vontade de sair gritando a felicidade aos quatros cantos, e acabar guardando tudo isso pra si. É uma sensação estranha, de angustia, ou de felicidade encaixotada.

Por isso, preciso falar. Não tenho a pretensão de ser uma "especialista" em blog, ou em letras.
Só preciso me expressar, do meu jeito estranho, e as vezes confuso.

Mas quem disse que sentimentos precisam ser entendidos?
Basta sentí-los.


Beijos da Nardy =**