quarta-feira, 7 de abril de 2010

Linhas que salvam

Ela estava cansada. Já não agüentava mais procurar pelos resquícios de paz interior que lhe restavam. Quisera desistir da procura incessante, mas era muito covarde para isso.

Procurou maneiras fáceis de fugir, mas quem disse que é fácil fugir de si. Tentou algumas vezes refugiar-se em casa. Mas, até ali os seus fantasmas não a deixavam em paz.

Pensou... E então achou que tivesse tido uma grande idéia. “Vou esconder-me em mim”. A partir daí, começou a isolar-se do mundo, das pessoas e da vida. Passou a usar roupas largas, bermudas, camisetas e bonés. Assim o seu corpo era a casa da sua mente solitária incompreendida.

Mas, ela não entendia. Não conseguiu o objetivo de ser invisível entre os que se diziam “normais”. Cada vez mais ela era notada, e viu que sua idéia não era tão boa assim.

Descobriu então um analgésico para o seu cansaço. Encontrou ás lágrimas, e achou que era bom. Começou a chorar a cada vez que o vazio a apertava o coração. E não entendia como o vazio e o nada poderia lhe causar tanta dor.

O analgésico, como todos os outros somente funcionava por algumas horas, e depois tudo voltava ainda mais forte. Então ela descobriu que chorar não era uma idéia tão boa assim.

Mais uma vez se cansou. Aborreceu-se com a tristeza excessiva e decidiu procurar outra forma de se curar.

Pensou... E teve aqueles instintos de ter dito a melhor idéia da sua vida.

Então na procura da cura para o grito dissonante da sua alma, ela deu papel e caneta para sua voz.


E a voz nas linhas dos inúmeros papéis afastou toda a insanidade que havia dentro dela.


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